Portabilidade de dívida de cartão: por que sua adesão é baixa?
Portabilidade de dívida de cartão: por que sua adesão é baixa?
Nos últimos anos, a portabilidade de dívida de cartão de crédito se tornou um tema relevante no cenário financeiro brasileiro. Essa medida, que entrou em vigor há um ano, visa facilitar a migração de débitos entre instituições financeiras, permitindo que os consumidores busquem melhores condições, como juros mais baixos e prazos mais longos. No entanto, apesar do potencial dessa ferramenta, a adesão continua surpreendentemente baixa. Neste artigo, vamos explorar as razões por trás dessa situação e o que pode ser feito para aumentar a adesão.
O que é a portabilidade de dívida de cartão?
A portabilidade de dívida de cartão é um mecanismo que permite ao consumidor transferir suas dívidas de cartão de crédito de uma instituição financeira para outra. Essa mudança pode ser feita sem custos adicionais para o cliente e tem como objetivo oferecer condições mais vantajosas, como taxas de juros menores ou prazos de pagamento mais flexíveis.
Essa iniciativa foi regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e é parte de um esforço maior para aumentar a concorrência no setor financeiro, beneficiando os consumidores. A ideia é que, ao facilitar a migração de dívidas, os bancos e instituições financeiras sejam incentivados a oferecer melhores condições para atrair clientes.
Por que a adesão é tão baixa?
Apesar das vantagens, a adesão à portabilidade de dívida de cartão tem sido irrisória. Entre julho do ano passado e abril de 2025, foram registrados apenas 70 pedidos de portabilidade, dos quais apenas 25 foram efetivados. Isso é alarmante, especialmente quando comparado à portabilidade de crédito pessoal consignado, que teve mais de 10 milhões de pedidos no mesmo período.
Falta de conhecimento
Um dos principais fatores que contribuem para a baixa adesão é a falta de conhecimento da população sobre a portabilidade de dívida de cartão. Muitas pessoas ainda não estão cientes de que essa opção existe ou como ela funciona. A educação financeira é um aspecto crucial que precisa ser abordado para que os consumidores possam tomar decisões informadas sobre suas finanças.
Entraves tecnológicos
Outro fator que dificulta a adesão é a presença de entraves tecnológicos. Segundo especialistas, a implementação de interfaces de programação (APIs) que permitam a migração de dívidas de forma eficiente ainda enfrenta desafios. Isso significa que, mesmo que um consumidor queira realizar a portabilidade, pode encontrar dificuldades técnicas que o desmotivem a seguir em frente.
Processo gradual
Daniel Alvarenga, sócio de regulatório bancário e financeiro do Franco Advogados, acredita que a baixa procura é parte de um processo gradual. Ele menciona que o Banco Central começou a priorizar produtos mais simples e que a portabilidade de crédito é uma das áreas mais ativas atualmente. Isso sugere que, com o tempo, a adesão pode aumentar à medida que a população se familiariza com o conceito e as instituições financeiras aprimoram suas ofertas.
Comparação com outras modalidades de portabilidade
Para entender melhor a situação da portabilidade de dívida de cartão, é interessante compará-la com outras modalidades de portabilidade. Como mencionado anteriormente, a portabilidade de crédito pessoal consignado teve 10,5 milhões de pedidos, representando 95,5% do total de pedidos de portabilidade de crédito. Desses, 3,6 milhões foram efetivados.
Essa diferença significativa pode ser atribuída a vários fatores, incluindo a maior familiaridade dos consumidores com o crédito consignado e a percepção de que ele oferece condições mais vantajosas. Além disso, o crédito consignado é frequentemente associado a taxas de juros mais baixas, o que pode torná-lo uma opção mais atraente para os consumidores.
O papel do Banco Central e do open finance
O Banco Central tem um papel fundamental na promoção da portabilidade de dívida de cartão. A instituição incluiu a portabilidade de crédito como uma prioridade para o open finance no biênio 2025-2026. Isso significa que haverá um foco inicial no crédito pessoal e no consignado federal, antes de avançar para outras modalidades, como a portabilidade de dívida de cartão.
Essa estratégia pode ajudar a aumentar a adesão, uma vez que o open finance visa promover a transparência e a concorrência no setor financeiro. Com mais informações disponíveis e uma maior facilidade de comparação entre as ofertas das instituições financeiras, os consumidores podem se sentir mais seguros ao optar pela portabilidade.
Como aumentar a adesão à portabilidade de dívida de cartão?
Para que a portabilidade de dívida de cartão ganhe mais tração, algumas ações podem ser implementadas. Aqui estão algumas sugestões:
- Educação financeira: Promover campanhas de conscientização sobre a portabilidade de dívida de cartão e suas vantagens pode ajudar a aumentar o conhecimento da população.
- Melhorias tecnológicas: Investir em soluções tecnológicas que facilitem a migração de dívidas pode tornar o processo mais eficiente e atraente para os consumidores.
- Incentivos das instituições financeiras: As instituições financeiras podem oferecer incentivos, como taxas promocionais, para atrair clientes que desejam realizar a portabilidade.
- Transparência nas informações: Garantir que os consumidores tenham acesso a informações claras e comparativas sobre as condições oferecidas por diferentes instituições financeiras pode facilitar a tomada de decisão.
Conclusão
A portabilidade de dívida de cartão é uma ferramenta valiosa que pode beneficiar muitos consumidores, permitindo que eles busquem melhores condições financeiras. No entanto, a baixa adesão até o momento indica que ainda há muito a ser feito para que essa opção se torne mais popular. A educação financeira, melhorias tecnológicas e incentivos das instituições financeiras são passos importantes para aumentar a adesão e garantir que mais pessoas possam aproveitar os benefícios da portabilidade de dívida de cartão.
Se você está interessado em saber mais sobre a portabilidade de dívida de cartão e suas implicações, recomendo que você leia o artigo completo disponível em Valor Econômico.

Analista de sistemas por profissão e escritor por paixão, tenho encontrado no mundo das letras um espaço para expressar minhas reflexões e compartilhar conhecimentos. Além da tecnologia, sou um ávido leitor, sempre em busca de novas histórias que ampliem minha visão de mundo e enriqueçam minha experiência pessoal. Meus hobbies incluem viajar e explorar diferentes culturas e paisagens, encontrando na natureza uma fonte inesgotável de inspiração e renovação. Através de minhas escritas, busco conectar ideias, pessoas e lugares, tecendo uma teia de entendimentos que transcende as fronteiras do convencional.
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