Cavaletes de Lina Bo Bardi: polêmica e impacto no Masp
Cavaletes de Lina Bo Bardi: polêmica e impacto no Masp
Os cavaletes de Lina Bo Bardi são mais do que simples suportes para obras de arte; eles representam uma revolução na forma como a arte é apresentada e percebida. Desde sua criação nos anos 1960, esses cavaletes têm gerado debates acalorados, especialmente agora que estão no centro de uma polêmica envolvendo sua venda. Neste artigo, vamos explorar a história, a importância e as controvérsias em torno desses icônicos suportes no Museu de Arte de São Paulo (Masp).
A História dos Cavaletes de Lina Bo Bardi
Em 1968, Lina Bo Bardi projetou um sistema inovador de exposição para o Masp. Ao invés de pendurar as obras nas paredes, ela introduziu os cavaletes de vidro e concreto, que permitiam que as pinturas ficassem “suspensas” no espaço. Essa abordagem não só desafiou as normas tradicionais de museus, mas também buscou criar uma conexão mais íntima entre o público e a arte.
Os cavaletes, feitos de vidro temperado e com uma base de concreto, pesam cerca de 89 quilos cada. Eles foram projetados para que os visitantes pudessem ver as obras de arte de frente e, ao mesmo tempo, ler informações sobre elas no verso. Essa proposta radical foi recebida com críticas, mas também com entusiasmo, pois representava uma nova forma de interação com a arte.
A Polêmica da Venda dos Cavaletes
Recentemente, a venda dos cavaletes voltou a ser um tema de discussão. O Masp anunciou que colocou 20 unidades à venda em 2022, cada uma por R$ 75 mil. A venda foi inicialmente direcionada a patronos e conselheiros, antes de ser aberta ao público em feiras de arte. Um dos cavaletes foi vendido na Art Basel Miami Beach por cerca de US$ 60 mil, o que gerou preocupações sobre a legalidade e a ética dessa transação.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) iniciou uma investigação sobre a venda, alegando que não foi informado sobre a transação e que a exportação dos cavaletes requer autorização formal. Se for confirmada a irregularidade, a venda pode ser cancelada e o Masp pode enfrentar multas significativas.
Impacto Cultural e Artístico
Os cavaletes de Lina Bo Bardi não são apenas peças de mobiliário; eles são um símbolo de uma nova abordagem à museologia. A arquiteta acreditava que a arte deveria ser acessível e que os museus deveriam romper com as barreiras tradicionais que distanciam o público das obras. Essa visão ainda ressoa hoje, especialmente em um mundo onde a arte é frequentemente vista como elitista.
O retorno dos cavaletes ao Masp em 2015, com réplicas modernizadas, foi um passo importante para restaurar a visão original de Lina. Essas novas estruturas foram projetadas para atender às normas de segurança, mas ainda preservam a essência do projeto original. A professora Luiza Batista Amaral, da UFRJ, destaca que os cavaletes foram transformados em “fetiche” e agora circulam como peças de luxo, levantando questões sobre o que o museu deseja preservar.
O Debate sobre a Memória e a Identidade do Museu
A venda dos cavaletes reacende um debate crucial sobre a identidade do Masp e o tipo de memória que ele deseja preservar. Para muitos críticos, a venda representa uma perda do legado de Lina Bo Bardi e uma transformação de suas ideias em mercadorias. A relação horizontal que ela propôs entre o público e a arte está em risco, e isso levanta questões sobre o futuro da museologia no Brasil.
O Iphan, ao investigar a situação, busca garantir que a história e a cultura brasileiras sejam respeitadas. A proteção dos cavaletes em nível federal desde 2004 é um reconhecimento da importância desses objetos, não apenas como suportes, mas como parte integral da história da arte no Brasil.
O Papel do Masp na Preservação do Legado de Lina Bo Bardi
O Masp tem a responsabilidade de equilibrar a preservação histórica com as práticas museológicas contemporâneas. Em sua defesa, o museu argumenta que os cavaletes foram produzidos em escala industrial e que muitos deles estavam guardados após a retirada das exposições. Essa justificativa, no entanto, não apaga as preocupações sobre a venda e o que isso significa para o legado de Lina Bo Bardi.
O compromisso do Masp com a “sustentabilidade institucional” e a “transparência administrativa” é um passo na direção certa, mas a questão permanece: até que ponto a venda de peças icônicas pode ser justificada? O que está em jogo é a memória cultural e a forma como a arte é percebida e valorizada na sociedade.
Conclusão
A polêmica em torno dos cavaletes de Lina Bo Bardi no Masp é um reflexo das tensões entre a preservação da história e a necessidade de recursos financeiros para a manutenção de instituições culturais. Esses suportes, que desafiaram as normas de museus na década de 1960, continuam a provocar debates sobre o que significa ser um museu no século XXI. A venda dos cavaletes não é apenas uma questão de comércio, mas uma discussão sobre identidade, memória e o futuro da arte no Brasil.
Para mais informações sobre essa polêmica, você pode acessar a fonte original aqui.

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