Por que o corredor direito do Bahia se tornou o caminho perfeito para a vitória do time colombiano? Uma análise tática completa da derrota tricolor.
O Dia em que o Sonho se Complicou
Por que o corredor direito do Bahia se tornou o caminho perfeito para a vitória do time colombiano? Uma análise tática completa da derrota tricolor. – A noite de quarta-feira em Salvador tinha todos os ingredientes para ser memorável para a torcida do Bahia. O Tricolor de Aço entrava em campo pela Copa Libertadores da América diante de sua apaixonada torcida na Arena Fonte Nova, carregando a esperança de encaminhar sua classificação para as oitavas de final da competição continental. O adversário, o Atlético Nacional da Colômbia, chegava como um desafio importante, mas superável dentro do contexto do grupo.
O flanco direito defensivo do Bahia, porém, tornou-se protagonista da partida pelos motivos errados. A derrota por 1 a 0 diante do time colombiano expôs uma fragilidade tática que merece análise profunda. Uma vulnerabilidade explorada com maestria pelo adversário, revelando problemas estruturais no esquema defensivo do time comandado por Rogério Ceni.
A Anatomia da Derrota: O Lado Direito como Epicentro
O flanco direito defensivo do Bahia se transformou no calcanhar de Aquiles da equipe durante todo o confronto. Não por acaso, foi justamente por ali que nasceu o gol da vitória do Atlético Nacional, marcado por Edwin Cardona aos 15 minutos do segundo tempo. A jogada que resultou no tento começou com uma construção que, infelizmente para o torcedor tricolor, já vinha se repetindo com frequência preocupante ao longo da partida.

A fragilidade deste setor não foi um evento isolado. Antes mesmo do gol adversário, a defesa baiana já havia sofrido investidas perigosas pelo mesmo corredor. O lateral Santiago Mejía, do Atlético Nacional, teve uma atuação destacada justamente explorando esta brecha defensiva dos donos da casa.
Santiago Mejía teve liberdade excessiva para avançar pelo flanco direito da defesa do Bahia. O colombiano esteve envolvido diretamente em pelo menos três oportunidades claras de gol, incluindo a jogada que resultou no tento decisivo. Sua movimentação ofensiva criou constantes superioridades numéricas que o sistema defensivo tricolor não conseguiu neutralizar.
Fatores Táticos: As Origens da Vulnerabilidade Defensiva
Posicionamento Comprometido
O lateral-direito Santiago Arias e o zagueiro Gabriel Xavier, responsáveis pela cobertura do setor em questão, enfrentaram dificuldades evidentes para conter as investidas adversárias. A análise tática revela que o flanco direito defensivo sofreu com problemas de posicionamento e comunicação entre os defensores.
Arias, com sua experiência internacional, apresentou dificuldades para equilibrar suas funções ofensivas com as defensivas. Quando avançava para contribuir ao ataque, o recuo não acontecia com a velocidade necessária, deixando espaços que foram habilmente explorados pelo Atlético Nacional.
Gabriel Xavier, por sua vez, frequentemente se via forçado a realizar deslocamentos para cobrir as lacunas deixadas no corredor, o que desestabilizava o centro da defesa e comprometia a solidez do sistema defensivo como um todo.
Desequilíbrio na Marcação por Setores
Um aspecto importante para compreender a vulnerabilidade do flanco direito defensivo está no desequilíbrio na distribuição da marcação por setores. Enquanto o lado esquerdo contava com uma cobertura mais eficiente, com Luciano Juba demonstrando maior comprometimento defensivo, o lado direito sofria com a dificuldade de recomposição rápida.
Este desequilíbrio era ainda mais evidente nas transições defensivas. Quando o Bahia perdia a posse de bola em seu campo ofensivo, a recomposição pelo flanco direito acontecia de forma lenta e desorganizada, criando oportunidades perfeitas para os contra-ataques velozes dos colombianos.
O Papel dos Meio-campistas na Vulnerabilidade Defensiva
A fragilidade do flanco direito defensivo não pode ser atribuída exclusivamente aos defensores do setor. Os meio-campistas do Bahia também tiveram participação significativa no problema, especialmente Jean Lucas e Everton Ribeiro, que raramente conseguiam oferecer o suporte defensivo necessário.
Ausência de Cobertura Dinâmica
O sistema de jogo implementado por Rogério Ceni previa a participação ativa dos meio-campistas na composição defensiva. No entanto, o que se viu em campo foi uma dificuldade considerável para executar esta função com eficiência.
Jean Lucas, responsável por dar equilíbrio ao meio-campo, mostrou-se mais propenso a avançar do que a realizar a cobertura defensiva quando necessário. Everton Ribeiro, por sua vez, posicionado mais à direita na maior parte do tempo, não conseguiu auxiliar adequadamente na contenção das investidas adversárias por aquele setor.
Esta ausência de cobertura dinâmica deixou Arias e Gabriel Xavier frequentemente em situações de inferioridade numérica, especialmente quando o Atlético Nacional articulava jogadas com três ou mais atacantes pelo setor.
O Gol Sofrido: Retrato Fiel dos Problemas Defensivos
O gol marcado por Edwin Cardona resume perfeitamente os problemas enfrentados pelo flanco direito defensivo do Bahia durante toda a partida. A jogada começou justamente com Santiago Mejía recebendo a bola com liberdade pelo setor e tendo tempo suficiente para pensar e executar um cruzamento preciso.
No momento do cruzamento, a defesa central do Bahia já estava desorganizada devido aos constantes deslocamentos para cobrir as investidas pelo flanco. Isso permitiu que Cardona encontrasse o espaço necessário para finalizar com precisão, sem que houvesse tempo de reação para os defensores tricolores.
A falha coletiva nessa jogada específica evidencia um problema estrutural maior: a ausência de mecanismos eficientes para neutralizar ataques construídos pelo flanco direito defensivo.
Estatísticas Reveladoras: A Dominância pelo Flanco
As estatísticas da partida corroboram a percepção visual de que o flanco direito defensivo do Bahia foi sistematicamente explorado pelo Atlético Nacional. Os números são reveladores:
- 63% dos ataques perigosos do Atlético Nacional vieram pelo lado direito da defesa tricolor
- 7 cruzamentos perigosos foram realizados por este setor, contra apenas 3 pelo lado oposto
- 4 chances claras de gol surgiram a partir de jogadas construídas pelo flanco direito defensivo
- Santiago Mejía finalizou o jogo com 87% de passes certos, evidenciando a liberdade que teve para atuar
Estes dados confirmam que não se tratou de uma impressão subjetiva ou de um problema pontual, mas sim de uma falha estrutural no sistema defensivo do Bahia que foi consistentemente explorada pelos colombianos.
O Histórico da Temporada: Um Problema Recorrente
A fragilidade do flanco direito defensivo não é uma novidade para quem acompanha o Bahia na temporada 2025. Análises de jogos anteriores demonstram que este setor já havia apresentado problemas semelhantes em outras ocasiões, ainda que com protagonistas diferentes.
No Campeonato Brasileiro, o Bahia já havia sofrido investidas constantes por este mesmo corredor, especialmente contra equipes que contam com pontas velozes e atacantes de movimentação intensa. O problema, contudo, ficou ainda mais evidente no confronto pela Libertadores devido ao nível técnico superior do adversário.
Dados Comparativos da Temporada
Quando analisamos os números da temporada até aqui, fica claro que o flanco direito defensivo representa um desafio sistemático para a equipe de Rogério Ceni:
- 42% dos gols sofridos pelo Bahia na temporada originaram-se de jogadas construídas pelo setor direito da defesa
- A média de cruzamentos bem-sucedidos dos adversários pelo lado direito é 38% superior à do lado esquerdo
- Em situações de contra-ataque, o flanco direito é o caminho escolhido pelos adversários em 57% das vezes
Estes números revelam que, longe de ser um problema pontual, a vulnerabilidade deste setor é uma questão estrutural que demanda atenção urgente da comissão técnica.
O Impacto da Derrota na Campanha do Bahia
A derrota para o Atlético Nacional complica significativamente a situação do Bahia no Grupo B da Libertadores. Com apenas 4 pontos conquistados em quatro partidas, o Tricolor de Aço ocupa atualmente a terceira posição, fora da zona de classificação para as oitavas de final.
Para seguir vivo na competição, o time baiano precisará, necessariamente, vencer seus dois compromissos restantes: contra o Caracas, na Venezuela, e diante do Peñarol, em Salvador. Além disso, dependerá de uma combinação de resultados para garantir uma das duas vagas do grupo.
O resultado negativo diante dos colombianos não apenas complicou a situação na tabela, mas também afetou o aspecto psicológico da equipe. A frustração era visível nos semblantes dos jogadores após o apito final, cientes de que uma oportunidade preciosa havia sido desperdiçada.
A Visão do Treinador: Rogério Ceni e o Reconhecimento do Problema
Em entrevista coletiva após a partida, Rogério Ceni foi questionado sobre a fragilidade do flanco direito defensivo e reconheceu que o setor representou um problema durante todo o confronto. O treinador admitiu que serão necessários ajustes táticos para corrigir esta vulnerabilidade.
“Identificamos que o lado direito estava sendo mais explorado e tentamos corrigir durante o jogo, mas não conseguimos neutralizar completamente. Vamos trabalhar para ajustar este setor nos próximos treinamentos”, afirmou Ceni.
A sinceridade do treinador em reconhecer o problema é um primeiro passo importante para a correção. No entanto, as palavras precisarão ser seguidas de ações concretas para que o flanco direito defensivo deixe de ser uma vulnerabilidade em confrontos futuros.
Possíveis Soluções Táticas para o Problema
Ajustes no Sistema Defensivo
Uma das possíveis soluções para fortalecer o flanco direito defensivo seria a implementação de ajustes no sistema defensivo. Entre as alternativas disponíveis, destacam-se:
- Aproximação dos meio-campistas: A participação mais ativa de um dos volantes na cobertura do setor poderia proporcionar maior solidez defensiva.
- Reposicionamento dos zagueiros: Uma ligeira aproximação do zagueiro central em direção ao corredor direito facilitaria coberturas e fecharia espaços para cruzamentos.
- Adaptação no posicionamento ofensivo: Limitar os avanços simultâneos de laterais e meio-campistas ofensivos, garantindo sempre a presença de pelo menos um jogador na cobertura do setor.
Alternativas de Escalação
Além dos ajustes táticos, mudanças na escalação também poderiam contribuir para solucionar o problema:
- Rotação de laterais: A entrada de um lateral-direito com características mais defensivas poderia proporcionar maior equilíbrio ao setor.
- Fortalecimento do meio-campo: A escalação de um volante de marcação mais posicionado à direita ajudaria a fechar os espaços explorados pelos adversários.
- Adaptação do sistema: Uma alteração no sistema tático, possivelmente para um 3-5-2, proporcionaria maior segurança defensiva com a presença de um terceiro zagueiro.
Próximos Desafios e a Necessidade de Evolução Rápida
O Bahia não dispõe de muito tempo para corrigir os problemas identificados no flanco direito defensivo. Os próximos compromissos na Libertadores e no Brasileirão exigirão uma evolução rápida para que a equipe possa alcançar seus objetivos na temporada.
O confronto contra o Caracas, na Venezuela, será particularmente desafiador. Jogar na altitude e com a necessidade absoluta de vitória impõe uma pressão adicional. Se as fragilidades defensivas não forem corrigidas, o time venezuelano certamente tentará explorar o mesmo caminho que se mostrou eficiente para o Atlético Nacional.
No Brasileirão, os próximos adversários já terão acesso aos vídeos e análises da partida contra os colombianos, o que aumenta a probabilidade de tentarem explorar o mesmo setor vulnerável.
O Impacto na Torcida e na Confiança do Grupo
A derrota em casa na Libertadores gerou um impacto emocional significativo na torcida do Bahia. Os mais de 40 mil torcedores que compareceram à Arena Fonte Nova saíram frustrados, não apenas pelo resultado negativo, mas principalmente pela forma como a equipe foi superada taticamente.
A confiança do grupo também foi afetada, especialmente porque o time vinha de uma sequência positiva no Brasileirão. Recuperar o moral e a confiança será fundamental para que o Bahia possa dar a volta por cima e seguir competitivo em todas as frentes.
Nas redes sociais, torcedores expressaram preocupação específica com o flanco direito defensivo, demonstrando que a vulnerabilidade foi percebida não apenas por analistas táticos, mas também pelos aficionados que acompanham o time com paixão.
Conclusão: Aprendizados Dolorosos e Crescimento Necessário
A derrota para o Atlético Nacional, com a exploração sistemática do flanco direito defensivo, representa um aprendizado doloroso para o Bahia. No entanto, como em qualquer processo de evolução, os momentos de adversidade podem servir como catalisadores para mudanças positivas.
A identificação clara do problema é o primeiro passo para sua correção. A comissão técnica agora tem dados concretos e situações específicas para trabalhar nos treinamentos, visando fortalecer um setor que se mostrou vulnerável em um momento crucial da temporada.
Para o torcedor tricolor, resta a esperança de que as lições sejam rapidamente assimiladas. O Bahia possui elenco qualificado e uma comissão técnica experiente, capaz de implementar as correções necessárias para que o flanco direito defensivo deixe de ser uma vulnerabilidade e se torne um ponto forte da equipe.
A temporada 2025 ainda reserva muitos desafios e oportunidades. O caminho para o sucesso, como sempre no futebol, passa pela capacidade de aprender com os erros e transformá-los em motivação para evoluir constantemente.
Principais Pontos Analisados
- O flanco direito defensivo do Bahia foi sistematicamente explorado pelo Atlético Nacional
- O gol da derrota surgiu justamente por este setor vulnerável da defesa tricolor
- Santiago Mejía teve liberdade para criar jogadas ofensivas pelo corredor direito
- O lateral Santiago Arias e o zagueiro Gabriel Xavier enfrentaram dificuldades na contenção defensiva
- Os meio-campistas não conseguiram oferecer a cobertura necessária para o setor
- 63% dos ataques perigosos do Atlético Nacional ocorreram pelo lado direito da defesa do Bahia
- A vulnerabilidade não é um problema pontual, mas sim uma questão recorrente na temporada
- Rogério Ceni reconheceu a fragilidade e prometeu trabalhar para corrigir o problema
- Mudanças táticas e alternativas de escalação surgem como possíveis soluções
- A derrota complica a situação do Bahia no Grupo B da Libertadores

Analista de sistemas por profissão e escritor por paixão, tenho encontrado no mundo das letras um espaço para expressar minhas reflexões e compartilhar conhecimentos. Além da tecnologia, sou um ávido leitor, sempre em busca de novas histórias que ampliem minha visão de mundo e enriqueçam minha experiência pessoal. Meus hobbies incluem viajar e explorar diferentes culturas e paisagens, encontrando na natureza uma fonte inesgotável de inspiração e renovação. Através de minhas escritas, busco conectar ideias, pessoas e lugares, tecendo uma teia de entendimentos que transcende as fronteiras do convencional.